por: Jeso Carneiro http://www.jesocarneiro.com/page/3
Foto: Podalyro Neto
"Há 20 anos, o santareno Gil Serique (foto), 45 anos, trabalha como guia turístico. A longa quilometragem o coloca como um dos mais experientes neste setor na Amazônia. Ele já trabalhou no Peru, Bahia, Amazonas, entre outros lugares pelo mundo afora.
É autor de um catálogo de aves, escrito em 7 línguas, que faz sucesso entre os turistas que aqui chegam. Serique é, como bem definiu o norte-americano radicado em Santarém Steven Alexander, o “anfitrião da Amazônia”.
No final de semana, um velho personagem da paisagem santarena, que Gil conhece muito bem, voltou a dá as caras por aqui: o turista. O transatlântico Silver Cloud foi quem abriu a temporada, e trouxe a primeira leva deles. E Gil estava lá, pela enésima vez, para recebê-los.
Para o leitor conhecer um pouco mais as manhas e manias dos “gringos” que desembarcam em terras santarenas, o blog resolveu entrevistar o guia, brother e anfitrião da Amazônia.
Qual o perfil do turista que costuma vir a Santarém nessas temporadas?
Gil Serique – A maioria é formada por casais aposentados, professores e profissionais liberais. Grande parte oriunda da América do Norte, com um número reduzido de canadenses e uma turma representativa da Europa Ocidental, especialmente Inglaterra e Alemanha.
O que eles querem ver aqui?
Sem dúvida alguma, biodiversidade, especialmente mamíferos e aves, enfim, a nossa fauna. Uma caminhada numa mata virgem é bastante apreciada. A culinária só pra fotografia, embora peixes, sorvetes e sucos de frutas nativas sejam largamente apreciados no próprio navio. As nossas praias de água doce serão mais valorizadas quando eles permanecerem mais tempo aqui, o que imagino que possa acontecer no futuro.
O turista chega com informações sobre a cidade ou aqui desembarca “zerado” sobre a história, atrações turísticas etc. da cidade?
Pra maioria dos turistas, conhecer a Amazônia é um sonho que eles carregam desde o berço. Todos lêem e assistem a documentários sobre o tema, e os navios que já possuem uma biblioteca relativamente rica sobre a região. Duas palestras diárias são dadas a bordo. Sem falar que muito da história escrita sobre a Amazônia tem a ver com o país deles. Eles chegam bem informados sobre os mais diversos temas e realidade. Os tours [roteiros de visitas] são vendidos nos navios. Os tours privados são reservados pela internet e atualmente representam uma fatia bem fina do bolo.
Ele, o turista, gasta os seus dólares em quê?
Por causa da massificação dos tours – 35 turistas por ônibus ou barco em média – o valor médio por tour é de 30 dólares. O grosso acaba merecidamente no bolso dos agentes. Raramente um turista gastaria mais de 1o0 dólares, incluindo compra de artesanato e gorjeta. Imagino que em Manaus as lojas especializadas em arte em pedras estejam bem na foto. Não devemos esquecer, nem tampouco negligenciar, a tripulação, cujo gasto se limita em grande parte a “cigarrets & alcohol”.
O turista gastaria muito mais se Santarém tivesse a oferecer o quê, por exemplo?
Mais biodiversidade e reservas ambientais, o que criaria mais opção de tours e uma permanência mais longa; mão de obra especializada, capacitando guias a organizarem seus próprios tours (no caso um tour privado, para oito pessoas alcança cerca de 120 dólares por pessoa) e pra tripulação muita festa.
O que achas que poder público podia oferecer a esses turistas, sem que tivesse que fazer grandes investimentos, a fim de potencializar ainda mais esse setor?
Gosto da idéia de preparar a cidade para quem nela vive e assim estaria pronto pra indústria de navios. É também fundamental a proteção dos recursos naturais, especialmente a várzea, onde a possibilidade de observação de vertebrados é enorme, principalmente as aves.
E Alter do Chão? Por que praia deixou de fazer parte do roteiro turístico desses navios?
Acho que é uma prova que os turista estão mais interessados em observação de animais, área que a várzea é imbatível. Uma outra razão foi a lastimável perda do Centro para a Preservação da Ciência, Arte, Cultura Indígena que tinha lá na vila."
Um comentário:
Um grande mocorongo!
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