por: Deíla Maia
Pessoal,
Sei que hoje nem é quinta feira, mas achei esta poesia tão boa, que resolvi compartilhar com todos do grupo Poesia de Quinta.
É uma questão delicada a desta estudante, que certamente faltou um pouco com o bom senso na hora de se vestir, mas quem são estes outros estudantes bárbaros para ter uma reação daquelas, tão talibanesca? E onde fica a liberdade de expressão, já que a roupa é uma forma de expressão... Faz parte desta época estudantil querer chocar, chamar a atenção, estabelecer sua própria marca, um estilo.
Eu mesma já fui de mini-saia para UFMA e nem por isso deixei de ser uma boa aluna. Fui de mini-saia, fui de saião hippie, de boina estilo francesinha, de chapéu de palha, de trancinha rastafari, de piercing no nariz... Quem me conhece lembra que sempre gostei de me vestir de maneira exótica e isto jamais atrapalhou os meus estudos. É um absurdo este tipo de preconceito em pleno século XXI. Hoje eu já não iria de mini-saia para uma sala de aula, por achar que não é o local mais apropriado para ir com trajes assim, mas eu defenderei eternamente o direito de as pessoas se vestirem da forma que lhes bem aprouver, pois vivemos em um país livre!!!!!!!
Esta garota sofreu uma violência sem tamanho. E pensar que estava em um ambiente pretensamente "universitário"... Realmente, como diz o poeta, mais parecia o Afeganistão. Só faltou jogarem uma burca para ela. A burca veio na forma de jaleco branco.
O Miguezim da Princesa sempre arrasa mesmo. Parabéns para ele.
Beijos
Deíla
UMA BURCA PARA GEISEY
Miguezim de Princesa
Quando Geisy apareceu
Balançando o mucumbu
Na Faculdade Uniban,
Foi o maior sururu:
Teve reza e ladainha;
Não sabia que uma calcinha
Causava tanto rebu.
II
Trajava um mini-vestido,
Arrochado e cor de rosa;
Perfumada de extrato,
Toda ancha e toda prosa,
Pensou que estava abafando
E ia ter rapaz gritando:
"Arrocha a tampa, gostosa!"
III
Mas Geisy se enganou,
O paulista é acanhado:
Quando vê lance de perna,
Fica logo indignado.
Os motivos eu não sei,
Mas pra passeata gay
Vai todo mundo animado!
IV
Ainda na escadaria,
Só se ouvia a estudantada
Dando urros, dando gritos,
Colérica e indignada
Como quem vai para a luta,
Chamando-a de prostituta
E de mulherzinha safada.
V
Geisy ficou acuada,
Num canto, triste a chorar,
Procurou um agasalho
Para cobrir o lugar,
Quando um rapaz inocente
Disse: "oh troço mais indecente,
Acho que vou desmaiar!"
VI
A Faculdade Uniban,
Que está em último lugar
Nas provas que o MEC faz,
Quis logo se destacar:
Decidiu no mesmo instante
Expulsar a estudante
Do seu quadro regular.
VII
Totalmente escorraçada,
Sem ter mais onde estudar,
Geisy precisa de ajuda
Para a vida retomar,
Mas na novela das oito
É um tal de molhar biscoito
E ninguém pra reclamar.
VIII
O fato repercutiu
De Paris até Omã.
Soube que Ahmadinejad
Festejou lá no Irã,
Foi uma festa de arromba
Com direito a carro-bomba
Da milícia Talibã.
IX
E o rico Osama Bin Laden,
Agradecendo a Alá,
Nas montanhas cazaquistãs
Onde foi se homiziar
Com uma cigana turca,
Mandou fazer uma burca
Para a brasileira usar.
X
Fica pra Geisy a lição
Desse poeta matuto:
Proteja seu bom guardado
Da cólera dos impolutos,
Guarde bem o tacacá
E só resolva mostrar
A quem gosta do produto.
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