Alter do Chão tem gosto de paraíso perdido
Todo mês de agosto os rios paraenses obedecem a um fenômeno da natureza: a vazante, período de menor volume de água. É ela a responsável pelo aparecimento de mais de 200 praias fluviais que brotam na região amazônica nessa época, revelando grandes extensões de areia branca e macia, bem como desvelando uma rica vegetação.
Uma das praias, porém, é tida como a mais bela: a de Alter do Chão. Apelidada pelos nativos de "Caribe brasileiro", ela dá ao turista o gostinho de ter encontrado o paraíso perdido.Magnificamente localizada na margem esquerda do rio Tapajós, a cerca de 32 km de Santarém, durante o ano inteiro, Alter do Chão é uma vila de pescadores com pouco mais de 6.000 habitantes. Mas, na época de seca, ela ganha todas as atenções. O nível da água chega a baixar dez metros, o que proporciona o surgimento de cerca de 100 km de praias. As condições são convidativas: chove pouco, a temperatura média é de 25C, e a umidade, 88%.Com 249 a
nos, Alter do Chão, como boa parte das vilas e cidades paraenses, carrega no nome a influência portuguesa.
O vilarejo conheceu dias prósperos, quando foi entreposto de abastecimento de lenha das embarcações que faziam a viagem Belém-Manaus, e no pós-guerra, com o desenvolvimento trazido pela exploração da borracha por Henry Ford. Quando a indústria fordista passou a comprar borracha asiática, na década de 70, a região estagnou. Agora, tenta retomar o crescimento incentivando o turismo.Longe dos períodos de pico --setembro e Réveillon--, em que o tranqüilo vilarejo chega a receber dez vezes o número de moradores, é possível encontrar praias totalmente desertas ou andar quilômetros sem ser visto. Em setembro, dá para chegar a Alter de Chão a partir de Santarém pela praia, de jipe ou de moto.Mas a autonomia de locomoção do turista depende do nível do rio. Em janeiro, por exemplo, a maioria das ilhas --ainda aparentes-- só é acessível de lancha, principal meio de transporte da região. Justamente por saberem disso, e por sobreviverem disso, os nativos cobram o salgado preço de R$ 70,00 varia conforme a pechincha e o serviço em geral é feito por agências receptivas para que o turista visite as praias do entorno durante a manhã.Nas ruas também encontram-se estrangeiros ou migrantes, que abandonaram a terra natal depois de se encantar pela vila, confirmando o poder apaixonante de suas águas e praias.LuauDa cabeceira do Macaco, no lago Verd
e, é possível parar a lancha e percorrer uma trilha de 1h20min até outra praia, a Ponta de Pedra.
É na Ponta de Pedra que acontece um evento típico das praias amazônicas: a piracaia. Se o turista estiver acompanhado, tanto melhor. Os moradores preparam peixe assado na brasa (em geral, curimatá ou tucunaré) e frutas, enquanto meninas dançam em volta da fogueira ao som de música local. É um típico luau amazônico. Nessa praia, pode-se procurar pela barraca do Expedito, que prepara a festa no mesmo dia e cobra por pessoa.Para quando a preguiça bater, ao contrário da maioria das cidades litorâneas, a praia do centro do vilarejo é convidativa pela qualidade da areia, pela infra-estrutura oferecida, pelo público sempre interessante e pelo nome: ilha do Amor.A maior praia --que no verão chega a invadir 1 km rio adentro-- é um dos melhores pontos para aproveitar o pôr-do-sol amazônico.CururuJá na ponta do Cururu fica outra atração de Alter do Chão: espiar os botos. Tanto o cor-de-rosa quanto o tucuxi (cinza) visitam os barcos que desligam seus motores em torno da praia no entardecer.A cidade não oferece muitos atrativos noturnos. Como todo vilarejo que se preze, a praça central costuma reunir os notívagos em torno de poucos quiosques.
A palavra Çairé origina-se dos dois termos Çai Erê, que significa “Salve! Tu o dizes”, que era usada pelos índios como forma de saudação. Entretanto, fui alertada pelo Sr. Jefferson Cardoso, conhecedor dessa história, de que há uma controvérsia quanto a grafia da palavra Çairé. Segundo ele, a palavra original era Sairé, mas a comunidade de Alter-do-Chão, achou por bem, ou talvez po
r associarem sua derivação à linguagem indígena, passaram denominar a festa com uma nova escrita: Çairé. Entretanto, como pode-se contatar não há na língua portuguesa nenhuma palavra que inicie-se com "ç" e segundo seu Jefferson, houve uma nova discussão sobre o assunto e por consenso, voltou-se a chamar a festa por seu nome original.
Originariamente, a Festa do Çairé era um baile indígena (puracê), cujos festejos, revelavam desde o primeiro século da colonização, já a influência das missões católicas. Era uma "corda em giro", ou melhor, uma espécie de dança de roda conduzida por um "arco", que era o motivo indígena desse préstito e festival, o centro geométrico de um animado puracê (baile). Tal arco era um semi-círculo com diâmetro e raios todos assinalados em algodão, onde deles pendem fitas vermelhas. Era ornamentado ainda, com uma cruz forrada e enfeitada, revelando o símbolo católico que o jesuíta acrescentou ao outro símbolo pagão o qual, pela forma geométrica revelada, denotava sua origem em povos americanos de civilização mais avançada, quais os astecas e os incas. É um exemplo de como foi o missioná
rio mestiçando a fé
católica, através da dança e do canto, para catequizar o índio e dominá-lo por fim. Transformou-se portanto, em uma cerimônia religiosa e profana, onde entram nela a reza e a dança. Essa, consistia em passos curtos, como o de marcar passos dos soldados, com um movimento em que uma índia do centro servia de eixo sobre o qual girava o Çairé.
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